O Jovens Empreendedores Primeiros Passos – JEPP, como educação empreendedora, é um sucesso nas escolas do Brasil, mas o que muitos não relatam é como em algumas escolas esta ação na prática deixa professores e pais constrangidos e proporciona o que chamamos de exclusão social na escola.
O que é o JEPP e como essa exclusão esta ocorrendo em algumas escolas brasileiras?
O JEPP
A educação empreendedora proposta pelo Sebrae para o Ensino Fundamental incentiva os alunos a buscar o autoconhecimento, novas aprendizagens, além do espírito de coletividade.
A ideia é a de que a educação deve atuar como transformadora desse sujeito e incentivá-lo à quebra de paradigmas e ao desenvolvimento das habilidades e dos comportamentos empreendedores.
O curso para esta etapa da Educação Básica é o Jovens Empreendedores Primeiros Passos – JEPP, destinado a fomentar a educação e a cultura empreendedora. O curso procura apresentar práticas de aprendizagem, considerando a autonomia do aluno para aprender, além de favorecer o desenvolvimento de atributos e atitudes necessários para a gestão da própria vida.
Essa visão vai ao encontro dos quatro pilares da educação propostos pela Unesco:
- Aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos;
- Aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente;
- Aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas;
- Aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes.
Dessa forma, o curso, aliado a um ambiente propício à aprendizagem, favorece o envolvimento dos jovens estudantes no próprio ato de fazer, pensar e aprender. Essas são características fundamentais dos comportamentos empreendedores, nos quais o estudante e o grupo em que está inserido reconhecem que suas contribuições são importantes e valorizadas.
Com a proposta pedagógica do JEPP para cada ano do ensino fundamental, por meio de atividades lúdicas, o ambiente da aprendizagem sensibiliza os estudantes a assumirem riscos calculados, a tomarem decisões e a terem um olhar observador para que possam identificar, ao seu redor, oportunidades de inovações, mesmo em situações desafiadoras.
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O JEPP E A EXCLUSÃO ESCOLAR
Professora: Vitor, que tipo de negócio você sonha abrir? Você quer ser um grande empreendedor no futuro?
Aluno Vitor: Professora não quero abrir negócio, sou criança.
Mãe: Professora, meu filho não vai participar desta Feira do JEPP.
Professora: Ô mãezinha, é tão importante a participação de seu filho. Qual o motivo?
Mãe: Professora, meu filho pediu dinheiro para comprar pastel, cachorro-quente, refrigerante e brincar no pula-pula, mas não tenho dinheiro, e não quero meu filho triste vendo os coleguinhas comprando e vendendo coisas e ele sem poder participar, desculpa, mas no dia ele não vai para a escola. Ah! tem mais, não posso preparar o bolo que a senhora pediu para ele levar. Desculpa prof.
Professora: Crianças, atenção, para participar do JEPP é preciso que vocês tragam um tipo de comida para vender, tragam dinheiro, para comprar comida e brincar nos brinquedos. Quem não tiver dinheiro fica em casa, vocês sabem, quem não pode comprar as coisas, que estão muito caras é melhor ficar em casa, né!
Professora: O colega, como você vai preparar o JEPP na sua sala?
Professora: Ué, você sabe né, temos que comprar as comidas pagar os brinquedos, a escola não tem dinheiro para bancar. Vou gastar uns R$ 200,00, um absurdo, mas você sabe, quem não fizer vai ser chamado a atenção. Manda quem pode, obedece quem tem juízo, diz o ditado.
Professora: Alguns pais não vão mandar o filho no dia do JEPP, eles falam que não tem dinheiro. E os pais da sua turma?
Professora: Humm! Alguns falaram a mesma coisa, mas a ordem é para fazer o JEPP e pronto. Para evitar confusão, vamos fazer assim mesmo, é triste, mas é o sistema. A lição que esse JEPP ensina é que quem tem mais chora menos, né amiga, KKKK.
Esse diálogo, está distante de ser ficção, é a pura realidade quando se coloca em prática o JEPP em algumas escolas do Brasil. Professores, coagidos em ter que tirar do próprio bolso dinheiro para executar um projeto escolar, pais envergonhados em ter que deixar o filho em casa para não passarem vergonha e alunos tristes por ver toda a preparação na escola, criar expectativa e se frustrarem por faltar no dia.
Mas, a escola, claro não vai deixar o aluno sem comer vai ter merenda para quem não puder comprar, sim, é um fato, mas só quem sabe o que é uma criança com vontade de comprar algo gostoso e diferente e brincar em pula-pula, por exemplo, e não ter dinheiro para pagar é quem sabe.
Não vamos ser hipócritas, a dura realidade social em que muitos alunos estão inseridos, não permite a execução de projetos como este sem um olhar de equidade no ambiente escolar. Escola é lugar para inclusão em todos os sentidos.
O JEPP é um ótimo projeto, tem uma proposta fantástica, mas se não for executado com cuidado pode ter um resultado reverso.
A exclusão deixa marcas na alma de uma criança que fatalmente terá consequências negativas quando se tornar adulto.
JEPP, UMA LIÇÃO QUE SE APRENDE DESDE CEDO.
Fonte: Robert Muracami, sebrae.com.br