Com quase 20 anos de existência, o sistema de cotas da Universidade de Brasília (UNB) mudou o perfil dos estudantes. A universidade foi a primeira federal a reservar 20% das vagas para estudantes negros, em 2003.
O sistema foi implementado, efetivamente, no ano seguinte. No Brasil, a Lei 12.711, que prevê a distribuição de vagas, foi sancionada apenas em 2012.
Apesar da reserva de vagas, dados da UnB mostram que, na época, apenas 4% dos estudantes se declaravam negros, pardos ou indígenas. Em 2012, o percentual aumentou para 31% e, em 2022, metade dos alunos se identificam como negros, pardos ou indígenas.
”É um divida histórica, após a abolição a população negra foi deixada de lado então as cotas existem justamente para reparar essa problemática”, diz o professor.
Além das cotas raciais, as universidades passaram a reservar vagas para estudantes de escolas públicas. Foi assim que a aluna de comunicação organizacional, Tailana Galvão, ingressou na UnB .
”Quando eu comecei a ter noção de valores, foi quando realmente caiu a minha ficha de que eu precisava passar em uma universidade pública. Eu não sabia muito sobre esse universo, meus pais não têm nem ensino médio completo, então, foi algo muito importante para mim”, conta Tailana.
Mais de 30 mil entraram na UnB por meio das cotas raciais
Um levantamento da Unb revela que de 2004 a 2011, 5.718 alunos entraram na universidade por meio das cotas raciais. Entre 2012 e o segundo semestre de 2021, cerca de 30 mil alunos utilizaram o sistema.
O pesquisador Nelson Inocêncio diz que a política de cotas é acompanhada, de perto, para que não haja injustiças, ou mesmo fraudes. ”O Estado tem que ficar de olho, muitos se aproveitam desta oportunidade e fraudam o sistema”, aponta.
“Essa politica visa diminuir este abismo que há entre negros e brancos no Brasil, então, esse processo precisa ser controlado”, diz o professor.
Para o estudante de comunicação social com habilitação em audiovisual, Maurício Gustavo, a disputa de vagas entre escolas públicas e particulares é desleal. ”Mesmo estando em uma escola pública de padrão alto, a disputa com o ensino nas escolas particulares, pelo ingresso, ainda é muito desleal”, diz ele, que entrou na UnB por meio das cotas.
“Muita gente paga cursinho e pode ficar apenas estudando, mas a gente tem que se virar. Se não fossem as cotas, eu provavelmente não estaria na universidade”, diz Maurício.
Como é feita a distribuição das cotas?
- Metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita
- Metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar superior a um salário mínimo e meio
Em ambos os casos, também é levado em conta um percentual mínimo, correspondente à soma de pretos, pardos e indígenas na estado (ou DF), de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: https: g1.globo.com