Lucinéia Souza da Silva, amiga de Alcoólicos Anônimos – AA, concedeu entrevista ao jornalista Robert Muracami para o PODCAST RM e falou sobre o funcionamento da instituição, como se tornar um amigo de AA e sobre a doença do alcoolismo e suas consequências na família e para o dependente. Participaram do PODCAST RM, membros do AA de Jaru, que para manter o anonimato, as imagens foram preservadas.
No município de Jaru dois grupos acolhem os dependentes:
- GRUPO LIBERDADE – Fundado em 13/08/1989
Avenida Padre Adolpho Rohl, 1725, Centro
Salão Paroquial da Igreja Matriz
REUNIÕES: SEGUNDA-FEIRA E SÁBADO a partir das 20:00 HORAS
- GRUPO SALVA VIDAS – Fundado em 01/10/1994
Avenida Dom Pedro I – Igreja Nossa Senhora do Rosário
REUNIÕES: QUINTA-FEIRA a partir das 20:00 HORAS
JÁ PENSOU ALGUMA VEZ QUE PODERIA APROVEITAR MUITO MAIS A VIDA, SE NÃO BEBESSE?
“PODEMOS AJUDAR”
WhatsApp (69) 3221 7243
CLIQUE AQUI E ACESSE O SITE DOS ALCOÓLICOS ANÔNIMOS – aa.org.br
A Irmandade de Alcoólicos Anônimos iniciou no então Território Federal de Rondônia em meados de 1979, em Jaru tudo começou em 13/08/1989.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o alcoolismo é uma doença crônica capaz de levar o paciente a outras complicações médicas, como a cirrose e a hepatite. Embora o álcool tenha seu consumo permitido e liberado, podendo ser encontrado com facilidade, o alcoolismo é considerado um dos problemas mais alarmantes de saúde pública.
Os Alcoólicos Anônimos (AA) são uma comunidade com carácter voluntário de pessoas que se reúnem para alcançar e manter a sobriedade através da abstinência total de ingestão de bebidas alcoólicas.
Estes grupos autónomos que surgiram inicialmente em Akron, nos Estados Unidos da América tiveram a sua raiz em 1935 quando Bill Wilson, um corretor da bolsa de Nova Iorque, e Dr. Robert Holbrook Smith, um cirurgião de Ohio com um grave problema de alcoolismo, decidiram criar uma comunidade de entreajuda (ajuda mútua/Recíproca) para apoiar os que sofrem deste problema e para se manterem eles próprios sóbrios. Eventualmente os AA difundiram-se por todo o globo.
Hoje, A.A. está presente em mais de 180 países.
Em 10 de Junho de 2023, Alcoólicos Anônimos completou 88 anos de existência no mundo.
Sobrevive financeiramente através dos seus próprios membros que contribuem espontaneamente, não aceitando financiamento proveniente de fora da própria Irmandade.
Alcoólicos Anônimos funciona com base no Programa de 12 passos, 12 tradições e 12 conceitos e fundamenta-se no anonimato de seus membros. A irmandade divide-se em grupos locais, que realizam reuniões regulares nas quais os participantes conversam sobre suas experiências com o alcoolismo e com o tratamento da doença. Para ser membro de A.A., o único requisito é ter o desejo de parar de beber.
No Programa de 12 passos, é utilizada a oração da serenidade como um meio de aceitação e superação.
De forma simplificada, pode-se dizer que:
- Os Doze Passos correspondem a questões de foro íntimo de cada membro de Alcoólicos Anônimos. Sua motivação, seu programa pessoal de aperfeiçoamento e manutenção deste;
- As Doze Tradições dizem respeito aos princípios que governam A. A. e suas relações com o mundo exterior;
- Os Doze Conceitos referem-se à relação entre os vários órgãos de serviços de A. A. e como se coordenam.
Oração da serenidade
Nas paredes de milhares de salas de reuniões de A.A., pode-se ver em pelo menos cinco idiomas, a seguinte invocação:
Concedei-nos, Senhor, a Serenidade necessária
para aceitar as coisas que não podemos modificar,
Coragem para modificar aquelas que podemos,
e Sabedoria para distinguir umas das outras.
Os Doze Passos
Os Doze Passos (para os Alcoólicos Anônimos) são:
- Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
- Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.
- Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.
- Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
- Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
- Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
- Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
- Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
- Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.
- Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
- Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
- Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses Passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólicos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades.
As 12 tradições
- Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual depende da unidade de A.A;
- Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso propósito comum – um Deus amantíssimo que Se manifesta em nossa Consciência Coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar;
- Para ser membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber;
- Cada Grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros Grupos ou a A.A. em seu conjunto;
- Cada Grupo é animado de um único propósito primordial – o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre;
- Nenhum Grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a fim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem de nosso propósito primordial;
- Todos os Grupos de A.A. deverão ser absolutamente autossuficientes, rejeitando quaisquer doações de fora;
- Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos centros de serviços possam contratar funcionários especializados;
- A. jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar juntas ou comitês de serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços;
- Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade; portanto, o nome de A.A. jamais deverá aparecer em controvérsias públicas;
- Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes;
- O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.
OS DOZE CONCEITOS (Versão Curta)
- A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de A.A. deveriam sempre residir na consciência coletiva de toda a nossa irmandade.
Alcoólicos Anônimos tem sido chamado de organização de ponta-cabeça, porque “a responsabilidade final e a autoridade suprema para …. os serviços mundiais” recaem sobre os grupos – e não sobre custódios da Junta de Serviços Gerais ou sobre o Escritório de Serviços Gerais, de Nova Iorque.
- Quando, em 1955, os grupos de A.A. confirmaram a permanente ata de constituição da sua Conferência de Serviços Gerais, eles automaticamente delegaram à Conferência completa autoridade para a manutenção ativa dos nossos serviços mundiais e assim tornaram a Conferência – com exceção de qualquer mudança nas Doze Tradições ou no Artigo 12 da Ata da Constituição da Conferência – a verdadeira voz e a consciência efetiva de toda a nossa Sociedade.
O Conceito II estabelece a “responsabilidade final e a autoridade suprema” dos grupos de A.A.; contudo, na prática real, como podem eles conduzir as atividades dos serviços de A.A.? Por delegação, diz o Conceito II. O Grupo delega o poder de decisão para seus servidores eleitos para os represente nas reuniões de serviços competentes.
- Como um meio tradicional de criar e manter uma relação de trabalho claramente definida entre os grupos, a Conferência, a Junta de Serviços Gerais de A.A. e as suas persas corporações de serviço, quadros de funcionários, comitês e executivos, assim assegurando as suas lideranças efetivas, é aqui sugerido que dotemos cada um desses elementos dos serviços mundiais com um tradicional “Direito de Decisão”.
Os Servidores de confiança podem decidir quais problemas eles mesmos podem resolver e quais os assuntos que relatarão, consultarão, ou sobre os quais pedirão orientações específicas. Essa é a essencia do “Direito de Decisão”
- Através da estrutura de nossa Conferência, deveríamos manter em todos os níveis de responsabilidade um tradicional “Direito de Participação”, tomando cuidado para que a cada setor ou grupo de nossos servidores mundiais seja concedido um voto representativo em proporção correspondente à responsabilidade que cada um deve ter.
Que estejamos sempre seguros de que exista uma abundância de autoridade final ou suprema, para corrigir ou reorganizar; mas que estejamos igualmente seguros de que todos os nossos servidores de confiança tenham uma autoridade claramente definida e adequada para realizar o seu trabalho diário, e para cumprir suas claras responsabilidades.
- Através de nossa estrutura de serviços mundiais, deveria prevalecer um tradicional “Direito de Apelação”, assim nos assegurando de que a opinião da minoria seja ouvida e de que as petições para a reparação de queixas pessoais sejam cuidadosamente consideradas.
Muitos ficam surpresos ao verificar os esforços feitos, a fim de garantir que a minoria tenha uma segunda oportunidade para expressar suas opiniões. Mesmo depois de amplo debate sobre uma questão, seguido de votação, em que uma “substancial unanimidade” foi alcançada, aqueles que fizeram oposição são chamados, individualmente, para ver se querem falar mais alguma coisa, a respeito de sua opinião minoritária.
- Em benefício de A.A. como um todo, a nossa Conferência de Serviços Gerais tem a principal responsabilidade de manter os nossos serviços mundiais e, tradicionalmente, tem a decisão final nos grandes assuntos de finanças e de normas de procedimento em geral. Mas a Conferência também reconhece que a principal iniciativa e a responsabilidade ativa, na maioria desses assuntos, deveria ser exercida principalmente pelos custódios, membros da Conferência, quando eles atuam entre si como Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.
A Conferência deve delegar autoridade administrativa para a Junta de Serviços Gerais de Custódios. Os Custódios tem a responsabilidade legal e prática pelo funcionamento do A.A.
- A Conferência reconhece que a Ata de Constituição e os Estatutos da Junta de Serviços Gerais são instrumentos legais; que os custódios têm plenos poderes para administrar e conduzir todos os assuntos dos serviços mundiais de Alcoólicos Anônimos. Além do mais é entendido que a Ata de Constituição da Conferência não é por si só um documento legal, mas pelo contrário, ela depende da força da tradição e do poder da bolsa de A.A. para efetivar sua finalidade.
Este conceito procura explicar o relacionamento e o “equilíbrio de poderes” entre a Conferência e a Junta de Serviços Gerais.
- Os custódios da Junta de Serviços Gerais atuam em duas atividades principais: (a) com relação aos amplos assuntos de normas de procedimentos e finanças em geral, eles são os principais planejadores e administradores. Eles e os seus principais comitês dirigem diretamente esses assuntos; (b) mas com relação aos nossos serviços, constantemente ativos e incorporados separadamente, a relação dos custódios é, principalmente, aquela de direito de propriedade total e de supervisão de custódia que exercem através da sua capacidade de eleger todos os diretores dessas entidades.
Este conceito lida com a maneira pela qual a Junta de Serviços Gerais “desempenha suas árduas obrigações” e seu relacionamento com suas duas corporações subsidiárias.
- Bons líderes de serviço, bem como métodos sólidos e adequados para a sua escolha são, em todos os níveis, indispensáveis para o nosso funcionamento e segurança no futuro. A liderança principal dos serviços mundiais, antes exercida pelos fundadores de A.A., deve, necessariamente, ser assumida pelos custódios da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.
Não importa com que cuidado projetemos nossa estrutura de serviços em princípios e relações, não importa quão bem repartamos a autoridade e a responsabilidade, os resultados operacionais da nossa estrutura não podem ser melhores do que o desempenho pessoal daqueles que devem servir e fazê-la funcionar. Boa liderança não pode funcionar numa estrutura mal planejada… Liderança fraca não pode funcionar nem na melhor estrutura.
- Toda a responsabilidade final de serviço deveria corresponder a uma autoridade de serviço equivalente – a extensão de tal autoridade deve ser sempre bem definida, seja por tradição, por resolução, por descrição específica de função, ou por atas de constituição e estatutos adequados.
A nossa estrutura de serviços não pode funcionar efetivamente e harmoniosamente a não ser que, em todos os níveis, cada responsabilidade operacional seja igualada a uma autoridade correspondente para desempenhá-la. Isto requer que a autoridade seja delegada em cada nível – e que a responsabilidade e a autoridade de cada órgão sejam bem definidas e claramente compreendidas.
- Enquanto os custódios tiverem a responsabilidade final pela administração dos serviços mundiais de A.A.; eles deverão ter sempre a melhor assistência possível dos comitês permanentes, diretores de serviços incorporados, executivos, quadros de funcionários e consultores. Portanto, a composição desses comitês subordinados e juntas de serviço, as qualificações pessoais dos seus membros, o modo como foram introduzidos dentro do serviço, os seus sistemas de revezamento, a maneira como eles são relacionados uns com os outros, os direitos e deveres especiais dos nossos executivos, quadros de funcionários e consultores, bem como uma base própria para a remuneração desses trabalhadores especiais, serão sempre assuntos para muita atenção e cuidado.
Neste conceito temos a explicação em grande detalhe da composição, funções e relações dos comitês permanentes da Junta de Serviços Gerais, e suas Juntas operacionais subsidiárias.
- As Garantias Gerais da Conferência: em todos os seus procedimentos, a Conferência de Serviços Gerais observará o espírito das Tradições de A.A., tomando muito cuidado para que a Conferência nunca se torne sede de riqueza ou poder perigosos; que suficientes fundos para as operações mais uma ampla reserva sejam o seu prudente princípio financeiro; que nenhum dos membros da Conferência nunca seja colocado em posição de autoridade absoluta sobre qualquer um dos outros; que todas as decisões sejam tomadas através de discussão, votação e, sempre que possível, por substancial unanimidade; que nenhuma ação da Conferência seja jamais pessoalmente punitiva ou uma incitação à controvérsia pública; que, embora a Conferência preste serviço a Alcoólicos Anônimos, ela nunca desempenhe qualquer ato de governo e que, da mesma forma que a Sociedade de Alcoólicos Anônimos a que serve, a Conferência permaneça sempre democrática em pensamento e ação.
Este conceito consiste nas Garantias Gerais da Conferência de Serviços Gerais. Ele está moldado em pedra, isto é, a porta está aberta a alterações e mudanças nos outros conceitos, e mostra que o resto da Ata de Constituição da Conferência “pode ser prontamente mudado” desde que haja “consentimento, por escrito”, de três quartos de todos os Grupos de A.A. do mundo!
Fonte: Robert Muracami