Ser resiliente e forte o bastante para viver em dias de hoje, vai além da descoberta de quem você é, e sim como precisa ser
Viver nos dias atuais não tem sido fácil. A busca incessante pela sobrevivência é a maior luta que se vive. As conquistas não tem os mesmos sabores que tinham no passado. Agora parece não ter um “toque de doçura”.
Isso ocorre porque o caminho que se trilha não é bem o que no fundo se anseia. Na verdade, na sua maioria nem há uma reflexão sobre isto.
As pessoas nascem, começam a crescer e antes mesmo de deixarem de ser crianças já estão munidas de tarefas, obrigações e de responsabilidades. Os pais, trabalham incessantemente para garantir que nada lhes faltem. E esse “trabalhar incessantemente” significa na maioria das vezes, fazer o que é preciso e não o que se gostaria de fazer.
Quem é você? O que você deseja? O que quer ser no futuro? São perguntas simples, que talvez uma criança responderia claramente em sua simplicidade. Para um adulto exige treino, e ainda assim, dependendo das circunstâncias que essas perguntas se apresentam, pode deixar uma lacuna, é difícil responder, porque se vive tão embriagados de obrigações que a essência vai ficando de lado.
A busca pelo autoconhecimento deixa de ser explorada quando o ser humano se vê em situações sem saída, onde o que importa é por comida na mesa. E é esta realidade que muitos vivem nos dias de hoje.
Neste contexto não se tornam “o que querem ser”, mas sim “O que precisam ser”.
Tudo seria mais fácil se antes que os problemas viessem, descobríssem quem são, o que querem e como querem ser felizes.
Tem tantos livros, áudios, vídeos e técnicas de meditação e ensinamentos que assumem como propósito a descoberta e alcance dos seus desejos – “O Segredo” tão revelado ultimamente. Tudo parece tão fácil! Mas não é. Porque estão em sua maioria tão agarrados a realidade consumidora e nos problemas cotidianos que não têm tempo de “plantar e esperar para colher”. Buscam a colheita, porque é disso que precisam, mas colher o que não se planta não traz felicidade.
É verdade que o autoconhecimento é muito importante para o nosso desenvolvimento, mas isso não é tão simples quando deparados com a realidades que não contribuem para isso.
Pesquisas já em 2018 divulgadas no (extra.globo.com ), apontavam que pelo menos 64,24% das pessoas que trabalham, gostaria de fazer outra coisa. Ou seja, estão presas ao comodismo capitalista ou a duras necessidades que as impedem de buscar o trabalho dos sonhos, a vida que se deseja.
Vivem uma realidade onde o tempo é todo dedicado ao trabalho e compromissos sociais, escola, faculdade, reuniões. A rotina é: Levantar, tomar café, trânsito, trabalho até o fim do dia, em alguns casos até boa parte da noite, depois chegando em casa, banho comida rápida e cama. Isto é: Se consegue dormir. Porque sabe-se que grande parte dos Brasileiros não dormem bem. Segundo a (ABS) Associação Brasileira do Sono, 73 milhões de pessoas sofrem de insônia. Nesse contexto onde fica a busca pelo autoconhecimento?
As pessoas vivem para o trabalho, e trabalham para sobreviver. Em tempos de crise como os atuais, onde a inflação anual já chegou na casa dos 12 %, com um cenário onde as expectativas são de maiores dificuldades, onde haverá tempo para olhar para dentro de si? De buscar o que é, o que quer ser? Fazer? Se a realidade o força a “engolir de goela abaixo” todas essas situações que influenciam diretamente na sua qualidade de vida e perspectiva de poder sonhar.
Neste Brasil, não há espaço para sonhadores, e o que o quiser, tem que lutar muito duro para realiza-lo. O espaço está aberto para os resilientes, fortes, e os que levam o “dever” acima do “querer”.
Assim morrem-se os sonhos e realizam-se projetos baseados nas necessidades e no capitalismo. Morre a busca do autoconhecimento, do que você deseja ser e quer para sua vida. Morrem-se projetos pessoais em detrimento da realidade de quem ou o que você precisa ser para sobreviver na sociedade moderna.
Fonte: Solange P. Muracami