Líderes mundiais começaram a discutir na segunda-feira (07/11) o futuro do planeta na Conferência do Clima das Nações Unidas. A reportagem é dos enviados especiais ao Egito Rodrigo Carvalho e Ross Salinas.
Ao longo deste ano, meio mundo enfrentou uma penca de perturbações econômicas e políticas – a gente sabe. Em comum, não importa o continente, a crise que não passa.
Pela primeira vez na história: Inglaterra 40ºC. Incêndios florestais cada vez mais impressionantes. Volume de chuva recorde no Paquistão e a tragédia em Pernambuco.
Na COP27, Guterres alerta que mundo caminha para “inferno climático” com o pé no acelerador
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Na última Conferência do Clima da ONU, o acordo final citou, pela primeira vez, que o mundo precisa reduzir o uso de combustíveis fósseis: carvão, gás, petróleo.
O Brasil se juntou a países que assumiram também outros compromissos, como reduzir a emissão de gás metano e zerar o desmatamento até 2030. Por enquanto, tudo é só promessa.
A Conferência do Clima agora chega ao Egito, ao balneário de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho. A expectativa é de que a COP27 seja a “conferência da implementação”. Ou seja: a que vai colocar os acordos em prática. Dias importantes para o nosso futuro. Tudo isso em um país que exala a urgência desse debate. O Egito está hoje quase 2ºC mais quente do que no início do século passado. O país-sede da conferência da ONU aquece duas vezes mais depressa do que a média global.
O secretário-geral da ONU lembrou que em poucos dias a população mundial vai chegar a 8 bilhões de habitantes. “Como nós vamos responder quando o bebê 8 bilhões for velho o bastante para perguntar: o que vocês fizeram pelo nosso planeta quanto tiveram a chance?”
António Guterres botou a grande responsabilidade nos ombros das duas maiores economias do mundo: Estados Unidos e China. E disse que o “mundo está na estrada para o inferno climático” – e com o pé no acelerador. “É cooperar ou desaparece”, disse.
O anfitrião da próxima Conferência do Clima disse que os Emirados Árabes vão continuar a fornecer petróleo e gás enquanto for necessário. Isso na mesma sessão que teve representantes de arquipélagos que quase não contribuem para crise climática e podem desaparecer por causa dela, de chefes de algumas das grandes economias do mundo e dois vencedores do Nobel da Paz.
Em 2015, na COP21, o histórico Acordo de Paris limitou, no papel, o aquecimento global a 1,5ºC em relação ao período pré-industrial. Tem especialista dizendo que o objetivo não é mais viável. Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, acha que ainda dá para perseguir a meta.
“Porque qualquer coisa acima disso já não há mais garantias de que a gente vai manter a vida no planeta Terra tal qual como ela se encontra hoje”, ressalta.
Para o Brasil, essa COP vai ter a marca de dois governos: o atual e o futuro. O presidente Jair Bolsonaro não vai, e o presidente eleito, Lula, convidado pelo anfitrião egípcio, deve ir na semana que vem.
“Ter um presidente aqui que está disposto a acabar com o desmatamento e que se compromete com a agenda de clima é absolutamente diferente de tudo que nós tivemos nos últimos quatro anos”, diz Marcio Astrini.
Fonte: g1.globo.com, metropoles.com